domingo, 25 de novembro de 2012

Repente



No nordeste do Brasil, existe um gênero de canção brasileira que se chama “repente,” “desafio,” “cantoria,” ou “coco de embolada,” depende do contexto. Mas, “repente” e “desafio” são as melhores palavras para usar porque essas palavras descrevem o que acontece no desempenho dessa música. Normalmente, dois cantores fazem um desafio um contra o outros para ver quem está melhor improvisando poéticos de rima. Então, eles estão fazendo a criação de letras de repente. Cantoria descreve o repente quando os repentistas acompanham-se com violas caipiras ou rabecas. Quando os repentistas tocam pandeiros, às vezes se chamam coco de embolada. Embora esta prática folclórica esteja associada com o Nordeste, se espalhou por todo o Brasil. No sul do Brasil, esses duelos são chamados de "trova", e os instrumentos associados ao gênero são o violão e acordeon. A pesquisa da Elizabeth Travassos estima que na década dos 1980s havia entre 2000-3000 artistas de todo o Brasil representando repente. Atualmente, o repente é realizado em praças públicas, casas particulares, bares, restaurantes, programas de rádio e festivais. Os folhetos de cordel, uma forma de literatura rimada popular, está associada com a poesia oral de repente.
            O repente foi originalmente trazido da Península Ibérica e foi um conglomerado de música e poesia lá--canto sacro latino, poesia trovadoresca, poesia cantada árabe na Península Ibêrica, entre outras. No Brasil, os cantores utilizam qualquer tema para suas letras, mas existem várias convenções que seguem no desempenho. Primeiro, os poetas precisam rimar. Segundo, eles começam com uma seção chamada "elógio", onde eles escolhem pessoas na platéia e lhes pedem para doações antes de começar a batalha. Terceiro, os temas improvisados ​​que eles usam são baseados em sugestões e pedidos do público. Finalmente, um dos estilos usados ​​no confronto entre os dois artistas é chamado de "malcriação", onde o cantor se exalta e insultos de sua parceira. Ao utilizar violas ou rebecas, a música normalmente conforme ao conteúdo das letras, por exemplo, triste ou feliz.
Exemplo de “elogio”:

Eu tenho merecimento
Igual ao meu parceiro
Mas somente por dois minutos
Vou fazer um paradeiro
Depois eu volto cantando
Mas é falando em dinheiro.

Exemplo de “malcriação”:

O repentista Sinésio canta:

Já falei na Cobrinha e no Leão
Manoel Nério agora fez mandado
Que se canta um martelo malcriado
Animando a nossa diversão
Não queria cantar malcriação
Mas eu tenho que me desenvolver
Meu colega não vá se aborrecer
Nem ficar com a matéria oprimida
Bote sal e pimenta na ferida
E se deite um pouquinho que vai doer.

Repentista Galdino responde:

Você hoje fica arrependido
De cantar martelo com Zé Galdino
Que pra mim você ainda é menino
Muito antes não tivesse nascido
Vou danar-te a viola no ouvido
E depois vou quebrar teu candeeiro
Não nasceste pra ser um violeiro
Não tem ritmo nem métrica nem sonora
Seu João, bote sere doido para fora
Que lugar de cachorro é no terreiro.

Repentistas famosos:
Lourival Batista
Dimas e Otacílio Batista
Edmilson Ferreira e Antonio Lisboa

Viola caipira:





coco de embolada



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